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Quando a fruta conquista a escola, a família sai a ganhar

Sessenta escolas são finalistas na terceira edição do “Heróis da Fruta”, iniciativa da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil. Avaliação do projeto revela que consumo diário de fruta aumentou 20%.

O objetivo parece simples, mas se há hábitos enraizados, não é assim tão fácil colocar uma peça de fruta na rotina diária dos mais pequenos. Há três anos que a Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI) anda pelas escolas do país a mostrar as razões por que a fruta deve fazer parte de uma alimentação saudável. O trabalho não tem sido em vão. Em três anos, 136 205 crianças do pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico inscreveram-se no projeto “Heróis da Fruta – Lanche Escolar Saudável”, 6415 participaram em ações de distribuição gratuita de fruta, 7500 compareceram nas três edições da “Corrida da Criança”, 3230 envolveram-se em oficinas de alimentação saudável e exercício físico e 1475 foram atendidas por nutricionistas em rastreios gratuitos.

A terceira edição dos “Heróis da Fruta” continua no terreno. Dados recolhidos junto das crianças que participaram na primeira edição revelam que o consumo diário da fruta aumentou 20%, quando comparado com o período antes do projeto ter entrado em ação. E a sondagem realizada a 120 professores e educadores, no final da última edição, indica que 92% consideram o projeto “Bom” ou “Muito Bom”. E todos os inquiridos, sem exceção, valorizam a utilização da linguagem dos “Heróis da Fruta”. Mas as informações do Sistema Europeu de Vigilância Nutricional Infantil da Organização Mundial de Saúde são preocupantes em relação a Portugal. Em 2008, apenas 2% das crianças ingeriam fruta fresca todos os dias. E, segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE), as crianças passam em média seis horas por dia na escola, portanto é lá que a maioria almoça e que toma pelo menos um dos lanches.

Ao longo deste ano letivo, a iniciativa envolveu mais de 70 mil crianças de 3253 turmas de 1159 escolas de todo o país, ilhas incluídas, que se candidataram a serem “heróis da fruta”. Neste momento, e depois da votação dos hinos da fruta, 60 escolas são finalistas na terceira edição do projeto. Os hinos da fruta são canções criadas pelas crianças para partilharem importantes lições sobre alimentação saudável que assimilaram durante a primeira etapa, que incluiu um programa educativo de 12 semanas, desenvolvido pela APCOI, implementado nas salas de aula em colaboração com os professores e educadores.

A APCOI contou os votos e selecionou os três hinos mais votados dos 18 distritos continentais e das duas regiões autónomas. Votos contados, seleção feita, o júri terá de decidir quem são os alunos vencedores que, no final, ganharão a apresentação da peça de teatro interativa “A Super Festa dos Heróis da Fruta” na sua escola, até ao final deste ano letivo. Uma peça-prémio para celebrar a importância da fruta na alimentação diária dos mais pequenos. A escolha dos vencedores será feita pelo ator Ricardo Carriço, embaixador da APCOI, pelo herói Sportacus da série de televisão infantil “Vila Moleza”, pelo palhaço mais saudável do país “Vira-Vento” e ainda pelos sócios-fundadores da APCOI.

“Heróis da Fruta” é já considerado um modelo pedagógico de sucesso que ensina às crianças, do 1.º CICLO e jardins de infância públicos e privados de todo o país, as bases para um futuro mais saudável. A receita passa por combinar conteúdos pedagógicos adaptados à faixa etária do público-alvo com uma linguagem sofisticada, desafios que mantenham os mais pequenos motivados para o tema e ainda uma generosa dose de diversão. A APCOI sublinha que se trata de “um trabalho pioneiro desenvolvido por uma equipa multidisciplinar que faz chegar as mensagens certas às crianças, para obter o maior impacto possível”.

O que se sabe é que na faixa etária até aos 10 anos, a fruta é habitualmente ingerida como uma opção de sobremesa na escola e em casa. E se em cima da mesa houver gelatina, gelado ou doce, a fruta passa para segundo plano. Para a nutricionista Paula Veloso, iniciativas como “Heróis da Fruta” têm “sempre um impacto positivo”, até porque colocam o tema da alimentação saudável no centro das atenções das escolas. E os mais pequenos interiorizam mensagens importantes que acabam por ser levadas para casa e conversadas em família. “A escola tem a obrigação de educar, a seguir aos pais”, refere ao EDUCARE.PT.

“A fruta, só, não chega, como éóbvio”, sublinha Paula Veloso.É uma parte importante da alimentação, mas é preciso dar atenção a mais aspetos. A nutricionista sublinha que a fruta deve ser vista como parte de uma alimentação saudável e não como um prémio ou um castigo para os mais pequenos. “O tema da alimentação é um bocadinho tabu.É difícil dizer a uma família que não está a fazer uma alimentação saudável”, repara.


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